
"Tem que trazer a família toda do João Buracão para Xerém. Aqui está um buraco só", mandou avisar Zeca Pagodinho. Recado dado, lá se foi o herói do Jonrla EXTRA para Duque de Caxias, ao encontro do sambista, um grande apaixonado por aquela região, que aproveitou o feriado da Páscoa para descansar em seu sítio, em Xerém. Mas que descanso, o quê. Mal João chegou, Zeca reuniu a turma toda, montou na charrete ao lado do boneco, seu mais novo amigo de infância, e foram para a pescaria
Ponte prestes a desabar
A primeira parada foi logo ao lado da casa do sambista. Uma ponte toda enferrujada, que pode cair a qualquer momento.
- É um perigo isso. Qualquer hora dessas acontece uma tragédia. Por aqui passa ônibus, caminhão... Dá até medo de andar nela. Só fazem remendo - disse Zeca.
" É um perigo isso. Qualquer hora dessas acontece uma tragédia. Por aqui passa ônibus, caminhão... Dá até medo de andar nela. Só fazem remendo "
De lá, o sambista, João e uma legião de moradores que se juntou à dupla seguiram para o bairro Café Torrado, para conferir a péssima conservação das ruas.
- Quando chove, ninguém consegue passar. O barro toma conta das ruas e invade até as casas - contou o artista plástico Manoelzinho.
Resta à população fazer o serviço que seria de responsabilidade da prefeitura.
- A gente que faz a manutenção das vias - conta o produtor Ricardo de Moraes, que denuncia: - Nada tem sido feito pelo poder público para melhorar a infraestrutura na região.
A caminho da área mais crítica de Xerém, o bairro de Chapéu do Sol, João e Zeca encontraram o adolescente Wagner Veiga, conhecido como Guim, tirando blocos de barro da estrada.
- Em tempos de chuva, como agora, passo o dia todo trabalhando. Volta e meia ganho uns trocados do pessoal que usa a rua.
Via principal de Chapéu do Sol, a Avenida Francisco Alves está tomada por buracos com até um metro de profundidade. Por ali, carro não passa.
Praticamente isolada, a dona de casa Gercilene Costa, que mora há 23 anos naquela via, vibrou ao ver João Buracão chegando de charrete no que restou da rua:
- Precisava de uma pessoa como o João Buracão para dar jeito nisso aqui. Ele é nossa última esperança!
Já na Estrada do Calengue a situação é ainda pior. A força da água é tanta que invade as casas.
- As manilhas não dão vazão. Minha filha perdeu tudo em sua casa, invadida pela água - disse o marceneiro Wilson Tavares. - Se alguém passar mal, fica nas mãos de Deus. Porque, por aqui, não tem como socorrer. Nós estamos abandonados, esquecidos e pior, continuamos pagando impostos.
Extraido Jornal Extra